“Quantas vezes você já ouviu, ou até mesmo disse, ‘pare de dar IBOPE para essa emissora ou programa de TV”? Diversas vezes, provavelmente, mas saiba que essa frase é sem sentido, afinal, mesmo que você fique 24 horas por dia com milhares de televisões ligadas ao mesmo tempo em um determinado canal ou programa, nenhum dado será enviado para o IBOPE, se você não tiver feito um acordo com o próprio instituto de pesquisa.
Quais empresas medem audiência da TV?
Até pouco tempo atrás, somente o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) era responsável por medir a audiência das Tvs abertas no Brasil.
Agora o IBOPE tem a concorrência da GFK, que finalizou em Fevereiro de 2015 o objetivo de instalar 20 mil aparelhos medidores de audiência nas residências de 15 municípios espalhados pelo Brasil.
A maior vantagem da GFK sobre o IBOPE, é a tecnologia capaz de fazer monitoramento da audiência de tv nos aparelhos móveis como celulares e tablets, já que o IBOPE tem tentado por anos diversos tipos de tecnologias para esse setor e nenhum deles foram satisfatórios.
A chegada do GFK para competir com o IBOPE na medição de audiência, para Carlos Montenegro, presidente do IBOPE, é devido a pressão das emissoras como SBT e Record que não se conformam com os números atuais. ” As redes querem um novo instituto para ver se conseguem um numero melhor” Disse Montenegro.
Não existe nenhum tipo de remuneração para as residências escolhidas para serem monitoradoras de audiência. A única coisa que os institutos oferecem como vantagem, e que serve como forma de convencimento para a instalação dos aparelhos, é a promessa de que durante o período de contrato, caso a televisão venha a sofrer qualquer tipo de defeito, o instituto de pesquisa paga o concerto, ou dá uma nova equivalente, se for o caso de perda total.
A questão estatística
Existe uma razão matemática e comercial para que você não conheça alguém que tenha o aparelho de medição do Ibope em sua casa. Ou, caso conheça, seja apenas uma pessoa.
Primeiro, vamos à razão comercial: seria economicamente inviável para o IBOPE instalar um aparelho em cada domicílio. Não só pelo preço do equipamento, mas também pela logística de instalação e acompanhamento dos dados gerados.
E por falar em resultados, a segunda razão é estatística. Através de cálculos estatísticos, os profissionais do IBOPE selecionam a menor amostra possível que represente o “todo” naquela cidade, baseados no CENSO mais atual do IBGE.
Assim, um grupo de poucas centenas de pessoas, dada a similaridade de hábitos conhecidas e medidas há anos, pode representar a população de São Paulo, por exemplo. E, por projeção, chegar ao resultado para o Universo. Tem ainda outro ingrediente: como a relação entre o IBOPE e as famílias corre em sigilo, para evitar contaminação dos dados, as pessoas são instruídas a não revelar que fazem parte do processo.
Partindo do princípio que a sua casa é uma das que tem o aparelho do IBOPE, chamado peoplemeter, como seria a sua vida? Vamos entender passo a passo.
Após a visita do técnico da instituição, cada televisor de sua casa receberá um aparelho. E, também, cada morador receberá um número. Ao sentar para assistir a um jogo da rodada do Brasileirão, você, utiliza o controle remoto do peoplemeter para sinalizar o seu número de cadastro. E assim fazem todos os outros moradores, mesmo quando estiverem juntos na sala.
Enquanto você está curtindo a programação, o aparelho trabalha bastante, em grandes cidades (Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte) a audiência é medida minuto a minuto. O aparelho do IBOPE identifica o status da TV (ligado ou desligado). O sinal é enviado via rede de telefonia celular para o IBOPE que contabiliza de acordo com a grade de programação da TV aberta.
A tecnologia do peoplemeter, desenvolvida aqui no Brasil pelo IBOPE já foi até exportada para outros países da América Latina, como Argentina e Chile.
Pontos de audiência
Voltando aos nossos exemplos estatísticos, na grande São Paulo, são 750 domicílios com peoplemeters instalados em até 4 TVs por casa. Nesta amostra, 1 ponto de audiência por domicílio representa 60 mil lares sintonizados em determinado canal. Já no caso de audiência específica (aquele número que você apertou ao sentar para ver TV), 1 ponto representa 185 mil pessoas, aproximadamente.
E se estivéssemos falando do Rio de Janeiro, uma praça com menos habitantes, 1 ponto equivaleria a 36 mil domicílios ou 104 mil pessoas, respectivamente.
Uma curiosidade: se você achava que o IBOPE mede a audiência sabendo em que canal você está, errou. Na verdade, o PeopleMeter reconhece o som de sua TV e tenta “encaixá-lo” em alguns dos padrões sonoros que estejam sendo veiculados naquele momento pela TV aberta.
Quantas pessoas têm o aparelho em casa?
Há quem diga que não conhece ninguém que possua o aparelho em casa, mas a base de domicílios atendidos pelo Ibope representa milhões de habitantes. Para se ter uma ideia, os números colhidos em todo o Brasil representam 20.410.785 de casas, o que, segundo o Instituto, corresponde a uma abrangência de 60.816.520 pessoas. Cada ponto de audiência em todo país equivale, portanto, a 204.108 domicílios e 608.165 indivíduos.
Na Grande São Paulo, região cujos números são levados em maior consideração pelas emissoras por causa do mercado publicitário, 6.195.286 casas são representadas pela medição e têm um total de indivíduos refletidos pela amostragem de 18,5 milhões de pessoas. No Rio de Janeiro, os números refletem são 3.862.163 domicílios e 10.857.880 indivíduos representados.
A quantidade de aparelhos é pequena, na casa dos milhares. Em São Paulo, por exemplo, são cerca de 750 pontos. Em todo o Brasil, são 4 mil pontos.
Atualmente, a audiência é medida em 14 capitais: Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória. Além disso, há uma cidade do interior: Campinas, no interior de São Paulo.
Gostei de saber.
Nunca entendi como eles mediam a audiência.